Em 11 de outubro, o magnata da tecnologia Elon Musk viu sua fortuna despencar em impressionantes US$ 11,8 bilhões (aproximadamente R$ 66 bilhões). Esse significativo impacto financeiro ocorreu logo após a Tesla, a empresa de veículos elétricos que Musk fundou e dirige, apresentar seu mais recente modelo de robotáxi, denominado Cybercab. Esse inovador veículo, projetado para operar sem volante ou pedais, foi desenvolvido com o objetivo de transportar passageiros de forma autônoma, sem a necessidade de um motorista humano.
A queda nos ativos de Musk esteve intimamente ligada à desvalorização das ações da Tesla, que registraram um recuo de 8,8% no mesmo dia. O resultado foi uma diminuição de US$ 68 bilhões (cerca de R$ 382,5 bilhões) no valor de mercado da empresa. Apesar dessas perdas consideráveis, Musk permanece no topo da lista dos homens mais ricos do mundo, com um patrimônio estimado em US$ 248,8 bilhões (aproximadamente R$ 1,38 trilhão), de acordo com o ranking da revista Forbes. Ele está à frente de outros magnatas, como Larry Ellison, fundador da Oracle, que possui uma fortuna de US$ 212 bilhões (cerca de R$ 1,2 trilhão), e Jeff Bezos, fundador da Amazon, que conta com US$ 206,6 bilhões (aproximadamente R$ 1,16 trilhão).
A razão por trás das perdas de Musk é o lançamento do protótipo do Cybercab, que ocorreu em um evento realizado na noite anterior, em Los Angeles. O modelo, que possui capacidade para dois passageiros e portas que abrem para cima, está previsto para entrar em produção em 2026. Durante o evento, Musk anunciou que o preço de venda do robotáxi será inferior a US$ 30 mil (cerca de R$ 170 mil), o que o torna acessível para uma parcela significativa da população. Em suas declarações, Musk destacou que a grande maioria dos carros permanece parados durante a maior parte do tempo. “Se os veículos forem autônomos, eles poderão ser utilizados cinco vezes, talvez dez vezes mais”, afirmou.
O projeto automotivo é o primeiro novo modelo lançado pela Tesla desde a apresentação do Cybertruck, que foi revelado em 2019 e anunciado como um veículo quase indestrutível. Naquela ocasião, Musk também havia prometido o lançamento de um robotáxi, que, após vários adiamentos, finalmente foi apresentado. Ele explicou que o design do carro foi alterado em cima da hora, o que resultou no atraso do evento anterior, que estava programado para agosto. A tecnologia por trás do táxi se baseia na inteligência artificial e em câmeras, eliminando a necessidade de hardware adicional, algo que os concorrentes adotam em seus veículos de transporte autônomo.
Essa abordagem foi vista como desafiadora tanto do ponto de vista técnico quanto em relação às exigências regulatórias. “O futuro autônomo está aqui”, afirmou Musk, ressaltando que a frota de veículos, que inclui Model Ys e o Cybercab, está completamente livre de motoristas. O empresário planeja operar uma rede de táxis autônomos da Tesla que os passageiros poderão solicitar por meio de um aplicativo, permitindo que proprietários individuais também monetizem seus veículos ao listá-los como robotáxis. Além desta inovação, o empresário apresentou um robô van autônomo, com capacidade para transportar até 20 pessoas, e o robô humanoide Optimus, ambos representando a expansão da Tesla para além do mercado automotivo.
Entretanto, a reação do mercado foi menos otimista. Muitos investidores que aguardavam informações concretas sobre o aumento da produção dos robotáxis, a obtenção de aprovações regulatórias e um plano de negócios sólido para competir com outras empresas ficaram desapontados com a apresentação. “Embora tudo pareça interessante, faltou clareza em relação a prazos. Sou acionista e estou bastante desapontado. O mercado queria informações mais definitivas”, comentou Dennis Dick, trader da Triple D. Trading. Um dos principais pontos de preocupação gira em torno da técnica de “aprendizado de máquina e ponta-a-ponta” utilizada para a direção autônoma do Cybercab.
Esse método, que treina o sistema para tomar decisões com base em dados brutos, é frequentemente descrito como uma “caixa-preta”, dificultando a responsabilização em caso de erros ou acidentes. “É quase impossível entender o que deu errado quando o sistema falha e causa um acidente”, observou um engenheiro da Tesla que pediu anonimato. O robotáxi competirá diretamente com os veículos autônomos de empresas como Waymo (subsidiária da Alphabet, controladora do Google), Cruise (da General Motors) e Uber. Enquanto esses concorrentes geralmente utilizam múltiplos sensores redundantes para garantir segurança e facilitar a aprovação regulatória, a Tesla aposta em um sistema mais simples baseado em câmeras e inteligência artificial, uma estratégia que visa reduzir custos, mas que pode complicar a aceitação por parte dos reguladores.
Os papéis da Tesla começaram a desvalorizar logo após a apresentação do Cybercab, evidenciando a insatisfação do mercado com a falta de informações sobre o lançamento. Relatórios de instituições financeiras apontaram a apresentação como abaixo das expectativas. Adam Jonas, analista do Morgan Stanley, expressou sua decepção com a revelação do robotáxi, enquanto Toni Sacconaghi, da Bernstein, descreveu a apresentação como “surpreendentemente ausente de detalhes”.
Apesar da resposta negativa de alguns analistas, outros, como Dan Ives, do Wedbush, defenderam o evento, argumentando que a Tesla deveria ter investido mais tempo em detalhes. John Murphy, do Bank of America, afirmou que o evento atendeu ao que foi prometido. A indústria permanece atenta ao desenvolvimento do projeto, uma vez que a competição no setor de veículos autônomos continua a se intensificar, com grandes apostas em inovações tecnológicas e novos modelos de negócios.